cefslogo

 

Espaço-Poesia

A inconstância dos bens do
mundo

Nasce o Sol e não dura mais que um
dia,/ Depois da Luz se segue a noite
escura,/ Em tristes sombras morre a
formosura,/ Em contínuas tristezas a
alegria.

Porém, se acaba o Sol, por que
nascia?/ Se é tão formosa a Luz, por
que não dura?/ Como a beleza assim
se transfigura?/ Como o gosto da
pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,/Na
formosura não se dê constância,/ E na
alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela
ignorância,/ E tem qualquer dos bens
por natureza/ A firmeza somente na
inconstância.

 

Gregório de Matos