Editorial
O que ficou das eleições?
O que pudemos perceber, ainda nos primeiros dias após as eleições, são justamente duas questões que não deixam de ser – pelo quadro internacional, no seu aspecto conjuntural econômico atual – preocupantes.
Em primeiro lugar, as últimas eleições provaram que a população brasileira não aceita mais o projeto econômico neoliberal imposto nesses últimos oito anos. Este fato pode ser comprovado, não só pelas urnas, mas, principalmente, pela situação econômica que atinge o cidadão comum no seu cotidiano.
Esse aspecto da economia é ainda corroborado pela grande onda de desemprego e falta de produtividade nos setores industriais e comerciais. Um aparelho de Estado corrupto, por muitos anos, privatizou, na onda neoliberal, vários segmentos de infra-estrutura fundamentais, tais como os setores de energia e comunicações.
Esse quadro econômico foi imposto na medida em que faltou um diálogo maior com a população, e é claro que acordos com FMI, suas condições e imposições imperialistas, os PROER (plano econômico que ajudou banqueiros inadimplentes por descalabros próprios e pura incompetência) não fazem parte da pauta dos marqueteiros de plantão nos períodos eleitorais, infelizmente.
Quando menos esperamos, tudo já foi feito e aprovado por uma estranha e subserviente maioria parlamentar. Assim, essa verdadeira prática não dialogada com o homem comum levou a uma grave crise, o que foi prontamente sinalizado pela população, na sua rejeição ao atual modelo econômico.
Por sua vez, no quadro novo, existem certezas de algumas mudanças e incógnitas sobre o futuro. O quadro partidário mostra um vazio à esquerda, um espaço que deve necessariamente ser preenchido. O fato de o PT ser hoje – e isto já vem ocorrendo há algum tempo, no âmbito municipal e estadual – parte do Estado comercial burguês, o faz, infelizmente, renunciar a algumas bandeiras fundamentais do movimento social popular, e esse quadro é agravado por toda situação econômica que se encontra agora o país.
Um exemplo é a questão da dívida liquida do setor publico, 30% do Produto Interno Bruto, em 1994, já no começo de 1998 chegou a 42% e a 59% em agosto último.
Em relação à dívida pública, o quadro é mais grave, 80% é doméstica, já no plano da dívida externa, o quadro é catastrófico; no segundo trimestre de 2002, era de US$ 172 bilhões, cerca de 40% do PIB e o equivalente a 330% das importações, a dívida externa bruta do setor público é de US$ 98 bilhões e a do setor privado bate na casa dos US$ 120 bilhões. É bom lembrar que esta dívida está vinculada à moeda estrangeira; portanto, a questão cambial é fundamental, pois mexe com a questão de desvalorização ou não da moeda e das intempéries econômicas internacionais.
O novo presidente – com um inigualável carisma e fruto de muitas lutas populares, como o seu partido – já afirmou, no seu primeiro pronunciamento como candidato eleito, que vai manter os acordos internacionais e esta é uma questão crucial: como atender às imensas demandas sociais em várias áreas?
Uma saída social democrata na atual conjuntura, não atacaria de fundo as expectativas sociais por muito tempo desprezadas pela nossa elite econômica e política.
Desta forma, destas eleições, é claro, algumas coisas ficam, da vontade de mudar que mostraram as urnas, da festa popular, do presidente que parece ser um igual á nos. Porém só isso não basta !
Mais uma vez vale à pena ressaltar a impendência de uma mudança de concepção social. E não apenas por parte dos governantes, mas, fundamentalmente, por parte do povo, o qual, diante dos últimos números eleitorais, dá clara mostra de que caminha para tal. No entanto, esse mínimo passo de nada valerá caso não haja um aprofundamento das discussões e a conscientização de todos de que a responsabilidade pelos rumos de uma nação é e sempre será de seu povo, incluindo, pois, governantes e governados. E essa responsabilidade tem seu ponto de partida na responsabilidade que cada um de nós tem pelo outro.
*Dados estatísticos do Instituto de Economia Internacional (USA).
|
Agenda
II Encontro de filosofia do CEFS
30 de novembro de 2002
16 horas
Educação, Mídia e Política
Av. Cons. Nébias, 337, Santos/SP
Cursos de Verão
Janeiro de 2003
Carga horária: 16 horas
Introdução à Filosofia Antiga
(segundas e quartas, 19 h)
==
Filosofia da Libertação
(terças e quintas, 19 h)
==
Astronomia: de Ptolomeu a Kepler
(terças e quintas, 19 h)
==
Grécia e Roma Antiga X Política atual
(manhã, tarde ou noite)
Inscrições:
Rua Euclides da Cunha, 274, Santos/SP
Informações:
Tel. (13) 3252-3319 (CEFS)
=========================
Expediente
Jornal Paradigmas, uma publicação do CEFS – Centro de Estudos Filosóficos de Santos
O CEFS é uma entidade sem fins lucrativos, que tem como objetivo fundamental levar a Filosofia a toda a sociedade, sem qualquer discriminação, contribuindo, assim, com a formação da consciência crítica do cidadão e propiciando-lhe, por conseguinte, melhor reflexão e atuação diante da realidade de que faz parte.
Presidente
Luiz Meirelles
Vice-Presidente
Ronaldo Ronil da Silva Jr.
Conselho Editorial
Cristiane Guapo / José Sobreira Barros Jr
Luiz Meirelles
Jornalista Responsável
Beth Capelache
Mtb.: 2.383.802
Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião do CEFS.
CEFS
Rua Brás Cubas, 125, casa 01, Centro Cep 11013-161 Santos/SP
Telefone: (13) 3252-3319
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Tiragem: 1.000 exemplares.
Impressão
CEGRAF Gráfica e Editora Ltda
Tel. 3234-5170 - 3234-5136
|